A teoria feminista mostra como o patriarcado influencia o
mundo e o sistema internacional. Na teoria feminista de RI o enfoque se dá no
individuo e nas relações sociais que se opõe ao debate que sempre recai aos
Estados e suas vontades.
As feministas creem que não há neutralidade nos estudos de
RI e que a questão de gênero é a primeira opressão sofrida. O mundo possui uma
hierarquia de gênero que quase sempre favorece o homem fazendo com a que mulher
seja a parte lesada do contexto.
É possível observar que a máquina estatal é majoritariamente
masculina e quando uma mulher ascende ao poder no Estado é vista de maneira
equivocada, e muitas vezes para ganhar certo “respeito” é preciso que se
comporte de maneira masculinizada.
Não há uma igualdade de gênero, o que leva ao Estado não
saber como proteger de fato as mulheres em um nível social e militar.
A mulher ainda ganha menos que o homem muitas vezes ocupando
a mesma função de trabalho. Essa luta por igualdade ainda está muito longe de
ser ganha.
Protesto em Madri
contra a violência doméstica, em novembro de 2015
O FEMEN é um movimento feminista
internacional que luta pelo fim do patriarcado, tido como uma forma de
escravidão feminina.
O grupo nasceu em 2008, na cidade
de Kiev, Ucrânia, e atua legalmente em países democráticos e ilegalmente em países
com regimes ditatoriais. O slogan do
movimento é “Meu corpo é minha arma!”.
Sua atuação causa controvérsia pelo
fato de que as ativistas costumam protestar fazendo topless, até mesmo em países islâmicos. Esse tipo de atuação faz
parte do chamado Sextremism, descrito
como a rebelião da sexualidade feminina contra o patriarcado. Suas ativistas
costumam ser presas por um curto período, sob a acusação de atentado ao pudor.
Em 2013 a sede rompeu relações
com a filial brasileira do FEMEN por acusações de mal uso de verbas. De acordo
com Sara Winter, a líder do movimento em nosso país, o problema foi que a
filial nacional se recusou a seguir algumas ordens vindas da matriz, como, por
exemplo, pichar o símbolo do grupo no Cristo Redentor.
A teoria feminista nas Relações
Internacionais só começa a ter espaço a partir de 1990, e o objetivo das
teóricas feministas é mostrar como o patriarcado está presente na formulação e
execução das Relações Internacionais.
A disciplina das Relações Internacionais se
diz neutra, e que as suas temáticas, as questões de alta política, não se
relacionam com o gênero. Como por exemplo, considera-se que o poder, a
segurança, tratam de todos, não excluindo a mulher.
A teoria feminista, em crítica a isto diz
que a disciplina é sim marcada pelo gênero, e mostra que o gênero este já
afixado no modo de fazer a política internacional, por serem feitas por homens,
e por invocar a masculinidade nestas situações, como em treinamentos militares
e discursos políticos. Segundo as autoras feministas, muitos dos dogmas
seguidos na prática das RIs são moldados conforme o gênero masculino.
Portanto, em resposta aos teóricos que dizem
que as Relações Internacionais são neutras, as feministas consideram que em
relação ao gênero, as RIs são mais cegas do que neutras. É importante abordar,
para a compreensão do tema a própria questão do termo “gênero”. As feministas
falam de gênero e não de sexo porque ao tratar de sexo, abordariam apenas questões
biológicas, o que por sua vez, não se relaciona às relações sociais,
entretanto, o gênero é pura construção social, são as características que
definem o masculino e o feminino, e que não podemos negar que foram sim criados
pela sociedade, lembrando que a sociedade é subjugada ao patriarcado.
A afirmação de que as RI são neutras
quanto a isso, para a Teoria Feminista é só mais uma afirmação da alienação em
que vivemos, ao não se ter a percepção do preconceito que o patriarcado
naturalizou na sociedade. Em distinção a outros grupos oprimidos pela estrutura
da sociedade moderna, o feminismo se destaca ao monto de se formar como uma
teoria das RI, pois é considerado a primeira opressão que uma mulher vive,
desde pequena em sua própria casa, e isso vale virtualmente por todo o globo, e
este caráter mundial torna a teoria válida tratando de um fator internacional
relevante.
Portanto a Teoria Feminista visa
esclarecer que as RI “tradicionais” não são neutras de forma alguma, e são
naturalmente excludentes com as mulheres, que pouco participam nas tomadas de
decisão, propondo-se assim a preenche ruma representatividade necessária no
meio teórico. Porém ainda assim esta teoria é pouco aplicada, sendo considerada
uma teoria periférica ou de pouca importância assim como outras teorias que
também visam abalar o status quo do cenário atual das Relações Internacionais.
A Teoria Feminista sempre teve dificuldade em
avançar e conquistar ramo das Relações Internacionais, que sempre lidou com
questões voltadas a poder/soberania, segurança internacional,
conflitos/guerras, política, entre outros. No entanto, a partir dos anos 90 a
questão do estupro de mulheres como arma para limpeza étnica fez com que essa
disciplina começasse a abranger e enfrentar questões de gênero, apoiadas pelas
feministas.
É importante destacar que existem vários
tipos de feministas (feministas críticas, socialistas, marxistas,
pós-modernistas, liberais), mas todas possuem em comum a crítica em relação à
omissão da questão do gênero pelas Relações Internacionais, pois essas últimas
ainda possuem integrantes que relutam e questionam a importância do gênero.
Elas criticam o sistema em que vivemos, pois acreditam que esse é caracterizado
por uma hierarquia de gênero, a qual é prejudicial a mulher. As feministas
também fazem uma relação entre sexo e gênero; o primeiro estaria ligado à
biologia e o segundo seriam as características sociais e culturais atribuídas
ao sexo, definindo assim a masculinidade e feminilidade.
O feminismo é um movimento que busca a
igualdade entre homens e mulheres através do estudo de questões de gênero que
também explica as relações de estado e estrutura política. Ele inclui questões
de gênero em questões de poder nas Relações Internacionais. Essa teoria pode
ser considerada uma Teoria Normativa, já que propõe mudanças no sistema e
também Teoria Explicativa, já que explica as relações de estado e estrutura.
Portanto, a Teoria Feminista conseguiu
expandir-se deixando de ser somente voltada a questões relacionadas a mulheres
e ao mundo ocidental como antigamente. Podemos ver sua influência na legislação
brasileira na Constituição de 1988. Foram realizadas algumas mudanças
institucionais e instauradas novas leis voltadas à violência física e sexuais
contra a mulher e violência de gênero. Um exemplo disso foi à formação das Delegacias
de Defesa da Mulher. Além disso, pode-se destacar:
·A Lei Maria da Penha, nº11. 340/2006: Cria mecanismos
para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do
art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá
outras providências. [1]
·A Lei 12.015 de 2009: que leva em questão crimes contra a
dignidade e liberdade sexual [2]
·A Lei Nº
10.224, de 15 de maio de 2001 sobre crimes de assédio sexual [3]
·O Decreto
Legislativo Nº 26, de 1994: Aprova o texto da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher [4]
A indústria de entretenimento
coreana mostra como sua sociedade é machista, seguindo os conceitos da Teoria
Feminista.
Estamos aqui, mais
uma vez, na Coreia do Sul. Dessa vez, vamos falar sobre as diversas formas de
machismo que estão presentes tanto nas músicas como nas novelas lançadas pelos
sul-coreanos e em contrapartida os meios que demostram a presença da mulher
como independente e presente em uma luta por sua visibilidade como tal, como
visto na luta das feministas.
É interessante
destacar que a sociedade patriarcal coreana é machista por si só, trazendo em
seus costumes antigos, atos que diminuem a mulher, e que são agravados ao
momento que são aceitos, pois estão fortemente presentes em suas músicas e
novelas, as quais fazem muito sucesso e possuem um grande público.
Para início de conversa, devo dizer
que a Coreia do Sul é uma grande produtora de entretenimento. Suas novelas, que
são conhecidas como doramas (do coreano, 한국드라마 ou Hanguk Deurama, traduzindo,
drama coreano) dão, à primeira impressão, uma imagem de inocência para quem
está acostumado a ver novelas da Globo que mostram todas as armações sem
qualquer censura. Mas ao analisar profundamente, temos roteiros de formatos similares
(ou até iguais), que nada mais são que divulgadores de doutrinas e irradiadoras
de uma imagem ideal da mulher coreana: quieta, tímida, delicada e fraca, submissa
e “politicamente correta” segundo as leis da sociedade patriarcal, que diz que
o homem é o dono da casa (do português: bela, recatada e do lar).
Um exemplo fácil
disso, vem de uma das novelas que fez sucesso, não só na Coreia do Sul, mas
entre os telespectadores brasileiros: The Heirs. Em minha opinião: péssima. Como disse anteriormente, o enredo é
como todo os outros: o casal se conhece, apaixona-se, sofre para ficar junto, o
cara se faz de difícil, dor, drama, sofrimento, rivais tentam os separar, beijo
que parece forçado após o 10º episódio, dor, sofrimento, armação, um pouco mais
de sofrimento e um final feliz que se desenrola nos últimos minutos do último
episódio, e de acréscimo uma atuação completamente introvertida de Park Shin
Hye, que interpretou muito bem uma personagem principal que aceitou todas as
imposições feitas por seu par romântico, sendo a típica moça idealizada pela
sociedade coreana:
Já seu par romântico, interpretado
por Lee MinHo, foi O cara de sempre:
um ditador de regras, que deixou sua amada, sua mãe e a noiva arranjada
disputarem espaço em sua vida (deixo uma ligação direta com o conflito típico
de sogra e nora, descrito por Morgenthau). Se você acreditar fielmente no
roteiro, ele ainda é um o mocinho,
que tem seus defeitos por ser muito mimado pelos pais ricos, burgueses, a quem
geralmente obedece por ser seu herdeiro.
Mas chega de drama e de falar sobre a patética sociedade alta coreana, que ainda
é mascarada por suas produções, que nada mais são que puras fantasias de seu
atraso ideológico e de suas extremas censuras: ainda há alguma esperança e
críticas sociais em sua ingenuidade, afinal de contas, this is for all the independent ladies.
Em 2015, por exemplo, o grupo
feminino EXID (Exceed In Dreaming, da empresa AB Entertainment), conhecido por
seus conceitos sensuais e pelo sucesso gerado por um vídeo sensual gravado por fã,
resolveu lançar seu music vídeo criticando a censura que havia sofrido no ano
anterior.
Com o lançamento de seu single, Ah
Yeah, elas colocaram em pauta uma discussão comum entre os ouvintes: a censura
e a sensualização da imagem feminina. “Você finge ser
inocente, tropeçando nas palavras. Seus hábitos ruins estão aparecendo”. O grupo ainda viria a lançar dois vídeos que
mostram que a Coreia do Sul não só tem problemas com censura, mas com a
prostituição que acontece de forma exacerbada e que movimenta altos números ($) no país, mesmo sendo proibida. Com HOT PINK e L.I.E., o grupo mostrou de um jeito bem sutil que é possível ser sensual
e de modo indireto denunciar o que realmente acontece pelas noites coreanas. No
meio das controvérsias do seu último single, a capa de seu álbum (que você pode ver aqui) parece
confirmar que L.I.E. não é apenas mais uma música sexy sem sentido e com
mudanças repentinas de ritmos: Street possui a imagem de uma rua nela a retratação da porta de um motel,
de cassinos, a palavra gincerely escrito e, ainda, um olho que tudo vê, fundamentando a teoria que elas expões a imagem que a Coreia do Sul quer esconder. A imagem conservadora da sociedade coreana is a L.I.E. e se você não cantar para
seu oppa o quanto você o ama, eles
vão te censurar.
É incrível ver como os
relacionamentos são retratados e como as mulheres parecem aceitar tudo de
negativo que seus namorados dizem. Aceitar que um homem seja monstruoso é
socialmente normal. Homens são monstros
intocáveis, que consideram as mulheres demônios
da sedução, que os fazem perder o controle de seu bom senso. Mas dizer que elas não precisam de homens e que as mulheres podem ter atitude se enquadra
em uma possibilidade totalmente fora dos paradigmas sociais adotados. O correto
e o que faz sucesso é dizer que mesmo que ele a trate mal, ele deve ficar e que mesmo que a faça sentir-se
horrível, mesmo que a faça chorar (TT),
ele deve ser seu amado. A sociedade coreana deve ter representantes de uma geração de mulheres, que digam que
nenhum cara é melhor ou mais legal que elas, até em suas canções, para que não se sintam inferiores e para que
sejam tão intocáveis quanto eles.
Além da autoafirmação do Girl Power,
que iguale a mulher ao patamar elevado dos homens, é preciso que não ocorra
essa aceitação aos vídeos que demonstram qualquer tipo de violência contra a
mulher. Principalmente, vindo daqueles grupos que são muito populares entre
jovens. Aceitar tais imagens é conformá-las, de alguma forma, com agressões.
Não há justificativa alguma para aceitar que mulheres sejam colocadas em um
andar inferior de forma que aceitem tapas na cara, nem que estes sejam seguidos
de flores. Tal violência contra o tal “sexo frágil” é tão comum que é
impossível imaginar que todos os homens que usufruam disso tenham qualquer tipo
de alteração mental. Há racionalidade desde a violência doméstica, até a tática
de guerra que é utilizada para punir mulheres de um país perdedor de uma
disputa.
Ser independente não se trata
apenas de poder dizer “Eu pago meu
aluguel com meu dinheiro, eu compro minha própria comida, eu compro minhas
próprias roupas”. Hoje em dia, trata de uma mulher poder andar na rua sem
ser assediada até 3 vezes em um curto caminho de sua cada até seu local de
trabalho, ou por usar uma roupa curta, ou por apenas estar passando. Quem
aceita tal ato, assiste uma novela coreana e acha muito normal uma jovem que
sofre com todas as violências verbais e físicas que eles retratam. Não é
normal. Assim como a descarada sensualização da imagem feminina que é bem visível
em artistas, impostas até para as que não são maiores de idade. Quem conhece,
sabe: os grupos que mais passam dificuldade financeira, costumam apostar em
roupas curtas e coreografias sensuais, pois tal “produto”, vende. E, sim, é
usado de forma que traga polêmicas e mais visibilidade, pois a mulher que está
sendo colocada à venda não é nada.
Infelizmente, a Coreia parece se
encontrar em um sistema-mundo que financia seus costumes que apoiam o
patriarcado e tais cenas vão continuar sendo vistas enquanto houver pessoas
produzindo e comprando esse produto que vem ganhando visibilidade e subindo nos
valores de exportação. A pergunta é: quem compra cala-se por gostar ou por
parecer tão sutil que não consegue ver?
Os admiradores da Coreia e de sua
cultura, provavelmente, ficarão muito mais felizes quando a imagem feminina
parar de ser tratada como um produto frágil que pode ser vendido
internacionalmente, assim como sua sensualidade. Está na hora de investir na imagem independente que parece ter morrido.
Nota: As referências musicais foram todas linkadas respectivamente com as músicas que considerei interessante relacionar ao texto. A maioria delas gerou alguma discussão a respeito de visibilidade ou por possuir uma letra polêmica e machista. Há tradução para músicas coreanas, tanto em sites de letras, como vídeos legendados em português youtube, mas por questões de direitos autorais, apenas coloquei os oficiais. Existem letras, como da música Monster e TT que precisam de uma atenção para notar tais demonstração de violência contra a mulher, por conta de relacionamentos abusivos. Vale a pena analisar.
Através do estudo das
questões de gênero, o feminismo, é um movimento que busca igualdade entre homem
e mulher, que teve início com Mary Wollstonecraft (1792), com a reivindicação
dos direitos da mulher, e Olympe de Gouges (1791), com a declaração dos direitos
da mulher e da cidadã.
O sistema social existente é
o patriarcado, ou seja, crenças e estruturas criadas pela própria sociedade,
que sustenta o privilegio da masculinidade, vindo antes mesmo da opressão de
classes, onde a mulher sofre uma repressão dentro da sua casa pelo simples fato
de ser do gênero feminino.
O feminismo diversas vezes
sofreu em ganhar visibilidade como uma teoria de estudos nas Relações Internacionais,
já que essa área se considerava neutra aos assuntos de gênero. No entanto, os
danos causados às mulheres devido as estratégias de guerras, fez com que teóricas-feministas
discordassem de tal neutralidade. Em períodos de guerra, o estupro sempre foi
usado como uma estratégia de limpeza étnica, porém, não era um crime de característica
étnica, mas sim uma violação ao corpo feminino. Desta forma, fez-se claro a importância
do estudo para as teóricas, não era somente uma violação ao corpo, mas uma
inferioridade feminina tão intrínseca que não era nem passível de vir a ser
considerado um dano à mulher.
Com a onda da globalização,
o feminismo ganhou uma internacionalização, tendo visibilidade em boa parte do
mundo. Diversas vertentes vieram surgindo, como o feminismo construtivista,
acreditando que o gênero é construído socialmente; assim como também o
feminismo marxista e o feminismo crítico.
Apesar de conquistar espaço
no mundo, ainda proporciona um pequeno impacto nas Relações Internacionais, já que
esta teoria é vista como irrelevante, obtendo pouca visibilidade em questões governamentais.
Ainda assim, o feminismo continua a questionar a soberania masculina em
assuntos estatais.
Fernanda Oliveira, Gabriel Santana e Gabriela Sales
Para se estudar a teoria feminista é necessário entender o conceito de gênero, que são características sociais e culturais construídas e atribuídas ao sexo biológico, que definem nossas noções de masculino e feminino. Pesquisadoras feministas trouxeram esse conceito para mostrar que as características e comportamentos que são definidos como próprios de um gênero são, na verdade, construções sociais e culturais e, por isso, não podem ser tidos como aspectos biológicos. A partir disso, busca-se explicar como as diferenças entre homens e mulheres são utilizadas para justificar desigualdades. O feminismo é o movimento que busca a igualdade entre homens e mulheres, por meio do estudo das questões de gênero, atribuindo a essas questões o elemento do poder exercido por homens sobre mulheres através do patriarcado, que é um sistema social que privilegia a masculinidade e, para as feministas, é a primeira opressão sofrida pelas mulheres, que geralmente ocorre em seu próprio lar. Essa teoria feminista é crítica pois busca não apenas explicar o mundo desde uma perspectiva de gênero, mas também busca mudar a estrutura para atingir uma sociedade igualitária. A análise utilizada é em escala micro porque para podermos entender o que se passa em escala global é necessário antes entender as relações sociais internas, pois o modo que as relações se iniciam em cidades e outros grupos influenciam o internacional. Por isso, a crítica feita a esta teoria é de que não se trata de uma teoria das relações internacionais, pois se preocupam com relações sociais internas. Observação: Pesquisadoras da Universidade de Londres chegaram a conclusão, de acordo com documentos encontrados, que a grande responsável pela inclusão da igualdade de direitos de homens e mulheres na Carta da ONU foi a diplomata brasileira Bertha Lutz (encarregada pelo governo Getúlio Vargas para defender esse ponto na Carta), junto com outras diplomatas latino-americanas, que enfrentaram forte oposição das delegações britânica e norte-americana. Link da matéria: https://nacoesunidas.org/exclusivo-diplomata-brasileira-foi-essencial-para-mencao-a-igualdade-de-genero-na-carta-da-onu/
A Teoria do Sistema Mundo divide
os países entre centrais (desenvolvidos) e periféricos (subdesenvolvidos) e
analisa como as relações de produção e de trabalho são afetadas por essa organização.
Como o centro foca a maioria de sua
produção na periferia por causa da mão de obra barata e leis flexíveis, todos
os problemas ambientais relacionados a isso também são transferidos para esses locais.
Poluição do ar, contaminação do
solo e da água com produtos químicos, desmatamento e todas suas consequências (problemas
de saúde, morte da fauna, entre outras) assolam a periferia e, do mesmo modo
que ocorre com a exploração dos trabalhadores, raramente há punição para as
grandes empresas do centro porque a produção é terceirizada.
Danos ambientais ligados à
produção também ocorrem nos países centrais, mas eles são mais preparados
financeira e tecnologicamente para lidar com tais situações.
Assim, enquanto não houver responsabilização daqueles que
exploram o meio ambiente de maneira irresponsável, o planeta continuará a sofrer
com os impactos de um capitalismo desenfreado que só se preocupa com a
acumulação infinita de capitais, não importando os meios utilizados para se
atingir tal fim.
A teoria Sistema Mundo de
Immanuel Wallarstein vai mostrar analises de como a produção capitalista pode
funcionar e como isso pode ser visto ao longo dos anos. No mundo todos os países vão ter sua ocupação com funções capitalistas
diferentes, por exemplo, Semi-periferia possuem níveis de industrialização, mas
dependem dos Estados do centro; Países do centro possuindo atividades
econômicas melhores com potencial tecnológico agregando mais valor ao produto;
Periferia, melhores em produzir bens de baixo custo agregado demanda na mão de
obra e explorando pessoas.
O sistema mundo passa a
expandir as diferenças entre periferia e países do centro depois vem o poder
político e econômico de uma hierarquia com base no sistema capitalista hoje.
Segundo o teórico, essa estrutura é fixa porem não pode descartar a
possibilidade de mudança na posição dos Estados, podendo ate existir mudança de
países entre periferia, centro e semi-periferia.
Ao decorrer da historia
podemos perceber que existiram outros tipos de Sistema Mundo, o dos impérios
mundiais e econômicos mundiais, e a partir desses outros modos pode supor que o
capitalismo pode estar crescendo a cinco séculos já, criando novos problemas,
novos crises e resoluções como foi a queda de outros impérios.
Entretanto é notável que o
Teorico Immanue Wallarstein foca principalmente na questão econômica da teoria.
A teoria do Sistema Mundo de Immanuel
Wallerstein oferece uma análise do funcionamento do modo de produção
capitalista e de como a organização espacial do sistema mundial conduz a
história ao longo dos anos.
Wallerstein afirma que cada país ocupa
uma função na ordem produtiva capitalista, existindo assim países do centro
(possuem atividades econômicas mais complexas e com maior potencial
tecnológico, que agregam mais valor ao produto); semiperiferia (possuem um
certo nível de industrialização, mas ainda dependem do capital e da tecnologia
dos Estados do centro); periferia (especializados na produção de bens de baixo
valor agregado e requerentes de intensa mão de obra). A expansão do sistema mundo aumenta as
diferenças entre os países do centro e da periferia, além de contribuir para a
criação de uma hierarquia de poder político e econômico.
Para ele, a busca dos países centrais
por locais onde sua produção seja maximizada é o fator que conduz a história e
a dinâmica deste sistema. As condições desiguais de comércio é uma maneira de
perpetuar a divisão internacional do trabalho que reproduz a desigualdade.
Essa teoria pode ser aplicada no
contexto atual para explicar essa “periferização” do mundo e diversos
incidentes que ocorrem no sistema internacional hoje em dia. Um caso que pode
ser analisado através da perspectiva desta teoria é o do trabalho escravo
infantil nas plantações de cacau na África.
No documentário “ O lado negro do
chocolate”, o jornalista dinamarquês, Miki Mistrati, conversou com
trabalhadores e traficantes da região de Zégoua Mali e descobriu que os
traficantes transportam de 10 a 15 crianças por vez em ônibus que vão para
Korhogo, na Costa do Marfim (responsável por 42% da produção mundial de cacau),
onde tem um local que as crianças são mantidas e vendidas para fazendeiros
locais.
Uma criança de Burkina Faso pode ser
comprada por 230 euros, o preço inclui transporte e uso ilimitado da criança,
porém, a maioria das crianças nunca é paga. No documentário, o jornalista encontrou
dois meninos do Mali, que trabalhavam como escravos numa plantação de cacau da
Costa do Marfim. Os garotos contam que os traficantes enganam as crianças para
conseguir levá-las para as plantações, e que se eles se recusassem a trabalhar
ou trabalhassem devagar, os traficantes os agrediam.
A rota do cacau descrita no documentário
demonstra claramente a dependência que os países periféricos têm da exportação
de bens primários a preços determinados pelos países do centro e a cadeia de
commodities que a envolve: o cacau colhido e secado ao sol é comprado por
intermediários (1 euro por kilo) que vão vender aos exportadores nacionais; os
grãos são lavados, ensacados e vendidos (2,5 euros por kilo); finalmente, na
bolsas de valores, o cacau é vendido às empresas de chocolate, que vão
transformar os grãos em pó ou manteiga de cacau, do qual será feito o chocolate
pelos fabricantes (1 kilo de cacau dos produtores vira 40 barras de chocolate).
Miki tentou o contato com empresas de
chocolate ( Nestle, Cargill, Mars, ADM, KRAFT, Barry Callebaut ) para saber que
ações elas estão promovendo para combater o problema, no entanto, a única
resposta que obteve foi uma declaração conjunta por porta-voz, da qual destaca
um trecho: “A grande maioria das plantações de cacau não são das empresas que
produzem chocolate ou fornecem o cacau e, portanto, não temos controle direto
sobre o cultivo do cacau e as práticas laborais”. Essa declaração comprova a
falta de responsabilidade do setor.
Embora o filme seja de 2011, pouca coisa
mudou nesses últimos 5 anos, já que as operações realizadas pela Interpol na
região da Costa do Marfim continuam resgatando crianças das plantações de
cacau: uma operação feita pouco antes do início das gravações do documentário
resgatou 65 crianças; em 2014 foram 76; 48 em 2015. Dados que comprovam a falta
de debates significantes no âmbito internacional e a falta de medidas (locais e
internacionais) eficientes para acabar com a exploração infantil no setor.
Portanto, esse é apenas um dos casos que
refletem a dinâmica do Sistema Mundo moderno, que tem por objetivoa acumulação infinita de capital, facilitada
pelos mecanismos (comoditização, controle do trabalho assalariado, cadeia de
commodities, intercâmbio desigual entre centro e periferia, monopolização do
mercado) criados para perpetuar a hierarquia do Sistema Internacional.
Link do documentário: https://www.youtube.com/watch?v=ozSRWm7VcVE
Uma
das vertentes dentro do marxismo que estuda as relações internacionais é a
Teoria Sistema-Mundo de Immanuel Wallerstein. Ela tem como objetivo principal
analisar o Sistema Internacional com enfoque na economia mundial definida pelo
sistema capitalista. Em sua analise é importante ressaltar o conceito
histórico, pois a acumulação de capital depende do espaço e tempo, ou seja,
estudando a evolução da acumulação de capital pode-se entender a evolução e
concentração de poder econômico em áreas determinadas, para, assim, explicar
através da economia e política o atual sistema internacional.
Seguindo
esse pensamento, Wallerstein definiu que os poderes político e econômico são hierarquizados
e os Estados podem situar-se em três áreas: as centrais que possuem atividades
econômicas avançadas, complexas e desenvolvidas tecnologicamente; as
semi-periféricas, as quais possuem uma economia diversificada que adquiriu um nível
industrial e tecnológico maior que as áreas periféricas e menor que as
centrais. Os países que se situam nessa área são intermediários economicamente,
possuem uma mistura de características das outras duas áreas, apesar de possuir
certo desenvolvimento ainda dependem de capital e tecnologias dos países
centrais; as áreas periféricas caracterizadas por economia de exportação de
produtos de bens primários, mão de obra barata, exploração, trabalho escravo ou
forçado.
Dessa
maneira, podemos perceber uma divisão internacional do trabalho que cria uma
desigualdade entre essas três áreas e forma uma estrutura hierárquica base para
o sistema capitalista atual. Portanto, a debilidade entre Estados é fruto da
dependência estrutural e da desigualdade de troca. Apesar dessa estrutura ser
fixa, segundo o teórico, não é excluída a possibilidade de mudança de posição
dos Estados situados nessas áreas, pode existir uma mobilidade de países entre
centro, semi-periferia e periferia. Podemos perceber que na história existiram
outros tipos de sistema-mundo: impérios mundiais e economias mundiais. Um exemplo
do primeiro tipo foi o Império Romano que sofreu ruptura, decaiu e deu espaço
para a formação de um novo sistema.
Por isso, se supõe que apesar do capitalismo
estar se expandindo há cinco séculos, a sua própria expansão desenvolverá
crises e em algum momento ocorrerá o funcionamento disfuncional (ponto de
ruptura) e assim se formará um novo Sistema Mundial como aconteceu com a queda do
Império Romano.
Apesar
dessa teoria ter base marxista, Wallerstein realiza uma análise similar ao
neorrealista Waltz. Os dois ressaltam a questão histórica e hierárquica, da
visualização de países fortes e fracos e a importância da análise do Estado em
relação ao sistema, da dependência da posição de um único país em relação ao
sistema mundial. Por outro lado, a diferença principal entre Waltz e
Wallerstein é que o primeiro foca na questão do poder e o segundo na questão
econômica.