Teoria Sistema-Mundo
Kelly
Pasetto
Uma
das vertentes dentro do marxismo que estuda as relações internacionais é a
Teoria Sistema-Mundo de Immanuel Wallerstein. Ela tem como objetivo principal
analisar o Sistema Internacional com enfoque na economia mundial definida pelo
sistema capitalista. Em sua analise é importante ressaltar o conceito
histórico, pois a acumulação de capital depende do espaço e tempo, ou seja,
estudando a evolução da acumulação de capital pode-se entender a evolução e
concentração de poder econômico em áreas determinadas, para, assim, explicar
através da economia e política o atual sistema internacional.
Seguindo
esse pensamento, Wallerstein definiu que os poderes político e econômico são hierarquizados
e os Estados podem situar-se em três áreas: as centrais que possuem atividades
econômicas avançadas, complexas e desenvolvidas tecnologicamente; as
semi-periféricas, as quais possuem uma economia diversificada que adquiriu um nível
industrial e tecnológico maior que as áreas periféricas e menor que as
centrais. Os países que se situam nessa área são intermediários economicamente,
possuem uma mistura de características das outras duas áreas, apesar de possuir
certo desenvolvimento ainda dependem de capital e tecnologias dos países
centrais; as áreas periféricas caracterizadas por economia de exportação de
produtos de bens primários, mão de obra barata, exploração, trabalho escravo ou
forçado.
Dessa
maneira, podemos perceber uma divisão internacional do trabalho que cria uma
desigualdade entre essas três áreas e forma uma estrutura hierárquica base para
o sistema capitalista atual. Portanto, a debilidade entre Estados é fruto da
dependência estrutural e da desigualdade de troca. Apesar dessa estrutura ser
fixa, segundo o teórico, não é excluída a possibilidade de mudança de posição
dos Estados situados nessas áreas, pode existir uma mobilidade de países entre
centro, semi-periferia e periferia. Podemos perceber que na história existiram
outros tipos de sistema-mundo: impérios mundiais e economias mundiais. Um exemplo
do primeiro tipo foi o Império Romano que sofreu ruptura, decaiu e deu espaço
para a formação de um novo sistema.
Por isso, se supõe que apesar do capitalismo
estar se expandindo há cinco séculos, a sua própria expansão desenvolverá
crises e em algum momento ocorrerá o funcionamento disfuncional (ponto de
ruptura) e assim se formará um novo Sistema Mundial como aconteceu com a queda do
Império Romano.
Apesar
dessa teoria ter base marxista, Wallerstein realiza uma análise similar ao
neorrealista Waltz. Os dois ressaltam a questão histórica e hierárquica, da
visualização de países fortes e fracos e a importância da análise do Estado em
relação ao sistema, da dependência da posição de um único país em relação ao
sistema mundial. Por outro lado, a diferença principal entre Waltz e
Wallerstein é que o primeiro foca na questão do poder e o segundo na questão
econômica.
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