A
teoria proposta pela Escola Inglesa concilia abordagens de caráter realistas e
liberais, sendo considerada uma teoria middle ground. Ao mesmo tempo em que se aceita o pessimismo
realista, em que as relações entre os estados são conflituosas, onde cada
estado sempre deve defender seus interesses e que os interesses de cada ator
não são os mesmos, gerando um constante estado de guerra. Se aceita também o
otimismo liberal, nos quais os liberais buscam ganhos relativos de poder, a autodeterminação
dos povos e a importância das instituições internacionais.
Essa
teoria entende que as relações internacionais fazem parte das relações humanas
as quais possuem valores básicos, como, independência, segurança, ordem e
justiça. Embora esses valores estejam inseridos em uma conjuntura de anarquia
internacional, com instituições, normas e regras distintas, os políticos os
utilizam para conduzir a política externa. Com isso, além da mescla entre
realismo e liberalismo, a Escola Inglesa dá ênfase também no direito
internacional e na construção de regras que fortalecem a cooperação entre os estados.
Em A
Sociedade Anárquica, obra de Hedley Bull, entende-se que a realidade
internacional tem um papel fundamental na formação de um conceito, do que é a
ordem internacional na política mundial. A ordem internacional se trata de um
padrão de atividades que sustentam os objetivos elementares, primários ou
universais de uma sociedade de estados. Bull apresenta alguns desses objetivos.
Entre eles, está a preservação do Sistema Internacional e da Sociedade
Internacional, em que os estados modernos se unem acreditando que são os
principais atores da política mundial e os mais importantes sujeitos de
direitos e deveres dessa sociedade.
Essa
sociedade dos estados também procura garantir que ela continuará a ser a forma mais
influente da organização político mundial, de fato e de direito. O que acontece
no atual cenário mundial, onde existem Estados mais fortes que outros, (militarmente,
economicamente e até culturalmente) gerando assim um desafio para a Ordem
Internacional, uma vez que esses Estados querem de alguma forma dominar os
demais. Visto recentemente, a Olímpiada trouxe alguns casos, onde pode-se
perceber o agir desses Estados.
Os EUA
é um exemplo desse fato. Alguns dias antes dos jogos olímpicos começarem, a
inteligência norte-americana começou a trabalhar em conjunto com oficias da
inteligência brasileira para identificar e interromper ameaças aos jogos e
competições, já que a delegação dos EUA estava preocupada com a segurança de
seus atletas, trazendo para o Brasil vários analistas e agentes de segurança. Além
do mais, os EUA também montaram uma megaestrutura no Rio para receber seus
turistas e atletas, com o objetivo de garantir a segurança dos cidadãos
americanos. Por mais que o Brasil e os EUA tenham assinado um memorando de
cooperação em grandes eventos esportivos internacionais, tendo uma interação
direta de cooperação entre os dois, sabe-se que por trás, o interesse dos EUA é
estar presente de alguma forma, sobressaindo aos demais.
Ainda
dentro da Escola Inglesa, pode-se verificar essa assinatura do memorando pelo
viés da Tradição Grociana, na qual a Sociedade Internacional não é baseada nem
no idealismo de Kant e nem no realismo de Hobbes, mas em uma conciliação entre
elas. Por consequência, esse viés acredita que há a possibilidade de
cooperação, no entanto, a cooperação ocorre somente quando há interesses e
valores comuns. Como ocorrido entre o Brasil e os EUA, países com valores
comuns, na qual ambos foram ao pais do outro receber treinamentos, ainda assim
os EUA manteve-se no Brasil para garantir seu interesse de “segurança” a seus
cidadãos.
Por Fernanda Oliveira, Gabriel Santana e Gabriela Sales
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