segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Resumo Sobre a Teoria do Sistema-Mundo

    A Teoria do Sistema-Mundo é uma teoria das relações internacionais que se centra no estudo do sistema social e suas relações, não só no âmbito doméstico mas internacionalmente, em todo o mundo. O foco dessa teoria é a estrutura e não os agentes, ela busca entender como o meio de produção capitalista funciona por meio de uma abordagem macro e multidisciplinar da história mundial. 
    Esta teoria tem influência dos pensamentos marxistas mas não é necessariamente marxista. Seu principal expoente é Immanuel Wallerstein que faz uma análise marxiana, mas tem como principais inspirações a CEPAL e a Teoria da dependência. Baseando-se na divisão internacional do trabalho, ele vai analisar o porquê de existir tremenda desigualdade entre os países. 
    A tese central da obra de Wallerstein é a divisão do mundo em três níveis, sendo eles, centro, periferia e semiperiferia. Essa divisão existe desde o início do capitalismo ocidental e os países encaixam-se nos níveis de acordo com a função que ocupam no sistema capitalista. Os países do centro são os que possuem a produção de alto valor agregado, os periféricos fornecem commodities e matérias-primas para a produção dos países de centro e também fabricam bens de baixo valor, geralmente em condições precárias. Já os países semiperiféricos possuem um papel intermediário, sendo visto como centro para os países periféricos e como periferia para os países centrais.  
    Esse sistema desigual cria uma dependência entre os países periféricos e os centrais, fazendo com que a periferia necessite de ajuda financeira e humanitária do centro. Daí a aproximação com a Teoria da dependência.  
    Quando se esgota o sistema "quebra" e assim surge outro em seu lugar. O sistema-mundo atual já existe há centenas de anos e possui três características. A primeira é a economia mundial em expansão através de um comércio internacional onde as economias nacionais se relacionam. A segunda é a expansão do sistema interestatal (que ocila entre tempos de rivalidade e tempos de hegemonia) com a criação de novos estados e novas fronteiras e a terceira é a relação do capital-trabalho. 
    Com a expansão do capitalismo ocorre a "periferização" do mundo, por conta das grandes empresas do centro que, para cortar gastos, se estabelecem nas regiões periféricas e assim submetem os produtores locais a homogeneização da produção, que acaba os destruindo.  
    O sistema mundo atual se assemelha dos anteriores por conta da divisão axial do trabalho e do funcionamento de forma cíclica e secular e se diferencia pela acumulação infinita de capital, que é propiciada pelo capitalismo. 
    Existem cinco mecanismos que permitem a acumulação infinita de capital: 
1- a comoditização: terceirização de tudo. Colocar valor monetário não só nos bens necessários, mas também em tarefas simples. 
2- controle do salário: alguns enriquecem e controlam sua riqueza por meio do trabalho assalariado de outras pessoas. 
3- cadeia de commodities: matérias-primas são vendidas aos países do centro que os vendem como produtos manufaturados com valor agregado de volta aos países periféricos e resto do mundo. 
4- intercâmbio desigual entre centro e periferia: as regras que regulam o mercado não existem para garantir a isonomia dos estados. 
5- monopolização do mercado: mercado monopolizado pelas grandes companhias que tem ligação também com a desigualdade entre centro e periferia porque as grandes companhias são naturais dos países do centro. 
    O sistema-mundo em vigor se rompe por conta da história, que é cíclica, e vai evoluindo até chegar nos limites da estrutura, ocasionando uma crise de representatividade do sistema-mundo onde está o tempo de funcionamento disfuncional.

Maria Clara Campbell
Raquel Sant'Anna de Almeida

domingo, 30 de outubro de 2016

A Teoria do Sistema-Mundo

A teoria do sistema-mundo analisa a formação e a expansão do capitalismo por todo o globo e como isso dita não apenas a economia, mas também as relações sociais, políticas e culturais das sociedades. 
Essa teoria divide o mundo em 3 níveis de análise, a saber: centro, semiperiferia e periferia. 
Os países do centro têm produção de alto valor agregado tecnológico, são produtores e exportadores de tecnologia e contam com mão de obra especializada. Os países semiperiféricos têm uma industrialização de baixo valor tecnológico agregado, não produzem tecnologia mas a absorvem e contam com mão de obra semiespecializada e não especializada. Por fim, os países periféricos produzem apenas produtos primários e têm mão de obra não-especializada. 
Assim, ocorre uma divisão internacional do trabalho, na qual cada país fica "responsável" por um tipo de produto no comércio internacional. Os países do centro tendem a explorar os países periféricos, enquanto os países semiperiférios ora são periferia para o centro, ora são centro para a periferia.
Essa prática não é recente: na época das Grandes Navegações, as metrópoles já exploravam suas colônias, deixando consequências que são sentidas até hoje (não coincidentemente, as antigas metrópoles são os atuais centros).
Alguns analistas afirmam que, a partir dessa primeira divisão internacional do trabalho, foram criadas instituições a fim de manter essa exploração, estruturando o sistema como ele é hoje. O Banco Mundial, o FMI e a OMC ditam os rumos do comércio internacional e da economia mundial, fornecendo empréstimos aos países mais pobres, obrigando-os a "obedecerem" suas regras (que visam a manter o status quo), como abertura ao capital estrangeiro, diminuição de barreiras, etc.
Isso faz com que esses países adquiram ainda mais dívidas, pois ficam condicionados a serem sempre exportadores de produtos baratos e compradores do produtos caros, perpetuando esse sistema. 
Com a globalização e a crescente importância do sistema financeiro, visando sempre ao maior lucro possível, as grandes empresas se espalham pelo mundo. Como os países periféricos têm mão-de-obra e recursos naturais abundantes, mas não capital, essas grandes empresas mantêm suas sedes nos países centrais, mas "terceirizam" a produção para os países periféricos, onde podem ter um custo menor de produção, já que, caso sejam reivindicados melhores salários dos trabalhadores, por exemplo, eles retiram o capital e simplesmente mudam seu local de produção para países ainda mais pobres.  
Isso acarreta mudanças sociais e culturais nesses locais, onde seus trabalhadores se veem "puxados" para esse modo de produção. 

Lizandra Ferreira

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A perspectiva crítica de Robert Cox - Julia Guimarães

Robert Cox, percursor no resgate do neomarxismo para a construção da base teórica crítica, conjuntamente com uma forte influência de Antonio Gramsci, pode tecer uma série de críticas ao realismo e contribuir amplamente para a teoria crítica. Cox parte da concepção de que toda teoria se encontra em um âmbito relativo de tempo e lugar, o que de certa forma exprime um caráter particular de seu tempo e espaço, não possuindo uma referência universal, já que não representariam um tipo de modelo absoluto. Vale frisar que o carácter relativo/particular da feição das teorias sempre seriam influenciadas pelo atual contexto da realidade particular de seu tempo, impossibilitando uma "aplicação universal" das mesmas. Sendo assim, Cox destaca em suas publicações dois tipos de teorias, as teorias de soluções de problemas (realismo ou o atual neorrealismo) e a teoria crítica. A teoria de soluções de problemas, por possuírem fundamentos na base de que o homem nasce egoísta e que a partir daí advém o modo em que buscam seus objetivos, maximizar seu poder a fim de garantir sua segurança, e que caracteriza a essência do sistema internacional como uma anarquia conflituosa, com efeito, a torna imune à críticas, se tornando de certa forma imutável ou invariável. É a partir deste ponto em que Cox definitivamente começa suas críticas, já que em sua visão, seria de fato necessário refletir sobre uma realidade em que sempre se encontraria em constante mudança. A natureza particular da teoria de soluções de problemas, por tomar como nível de análise o mundo como é com suas relações de poder, instituições, atores e etc, propõe um método de se solucionar os problemas sem o questionamento de que se estão de certa forma, correlacionados às características "intrínsecas da sociedade". Devido a estes aspectos, adquire na visão de Cox, uma personalidade conservadora, já que rejeitam a viabilidade de uma possível variação de uma ordem como caminho para a correção da desigualdade ou até mesmo de ameaças de guerras. A teoria crítica em uma outra perspectiva, legitima a necessidade de se refletir sobre uma realidade em constante mudança, negando a precisão de uma realidade social imutável. Expondo também, que a concepção da teoria tradicional, a qual fomenta suas bases na natureza do homem e que em meio a isso os sistemas e Estados são "governados" por essa natureza egoísta, deva ser deixada de lado, pois na visão de Cox, a realidade social resulta da ação humana em constante mudança.

sábado, 22 de outubro de 2016

Resumo: Teoria Tradicional e Teoria Crítica por Max Horkheimer (1937)

Dalila Amorim


Max Horkheimer escreve em seu artigo um novo tipo de teoria em contraponto a teoria tradicional.
A teoria tradicional vem dessa tradição positivista de conseguir mensurar todo o conhecimento e dizer que o mesmo só é válido se for observável e medido, ou seja, existe a necessidade de matematizar o conhecimento, inclusive as ciências sociais. Então poderia-se quantificar e transformar as relações sociais e toda a subjetividade que a permeia em números estatísticos. 
Sendo assim poderia comprovar a ocorrência de um fenômeno através da sua quantificação, inclusive os fenômenos mais objetivos.
A principal característica da teoria tradicional é o fato dela se posicionar como algo A-histórico, ou seja, a formulação dessa teoria não é fruto dos processos históricos que formam as sociedades, mas ela pode ser aplicada durante qualquer período de tempo. Ela é separada da história, não sendo produto da sua época, mas podendo explicar qualquer fenômeno em qualquer período histórico. Nas relações internacionais pode-se dar como exemplo o realismo, que é aplicado da mesma forma seja para explicar o mundo bipolar durante a Guerra Fria como para explicar o sistema de Cidades-Estado da Grécia Antiga.
A teoria tradicional também é dissociada das crenças dos seres humanos, não sendo uma teoria ideológica, e não se tornando de direita ou de esquerda, mas tomando uma posição neutra, ficando por cima das ideologias.
Para os teóricos da escola de Frankfurt, a teoria tradicional é vista como um reflexo do modo de produção capitalista, que compartimentaliza os saberes e os hierarquiza. Tendo uma divisão entre os saberes mais úteis e os menos úteis, e os trabalhos mais complexos (que consequentemente remuneram mais) e os trabalhos menos complexos. 
Há uma separação entre o trabalho manual do trabalho intelectual. Sendo que, para a sociedade, o primeiro é mais desvalorizado que o segundo.
A teoria tradicional aliena a sociedade com a cultura de massa, que é basicamente a cultura comercializada, feita pelas grandes indústrias, não tendo necessariamente a participação das pessoas na sua formação. Diferentemente da cultura popular, que representa a expressão do modo de vida de um povo.
Por sua vez, a teoria crítica seria um meio de superação da teoria tradicional. Então, para um teórico crítico, essa naturalização dos comportamentos é construída pela indústria cultural, que dá origem a cultura de massa. 
Sendo assim, esse mundo foi socialmente construído pelo capital, e para Horkheimer essa forma de existir é desumana, pois impede que o ser humano se veja na sua totalidade.
Portanto, a teoria crítica tem a necessidade de unificar todos esses saberes, e apontar as contradições da teoria tradicional.

Teoria crítica Robert W. Cox

Adrielli Santos, Victória Parracho


     A teoria critica das Relações Internacionais se da inicio por conta de necessidades de novas perspectivas em analises, criticando o realismo essa teoria é utilizada no conceito de alienação e ideológico que servia para explicar a atual sociedade.

     O filosofo e teórico critico Robert W Cox, começa a definir teoria como uma convenção social e explica para que ela fosse ser usada, mudando seus conceitos para uma forma mais adaptada no pensamento dele, é claro com base na Escola de Frankfurt.
Para Robert três tipos de forças eram existentes e poderiam a vir ser utilizadas para que eternizasse tal ordem por um tempo estimado podendo mudar ou não; A material tem capacidade produtiva de destruir tecnologias, a de ideia cultura, ideologias e regras sociais, por ultimo instituições que influenciam diretamente a ação dos atores.

     Os três níveis são formas estatais define o complexo Estado sociedade, ordem mundial configura força e por ultimo força social relaciona o modo de produção.
Dizia que aplicava esses três tipos de força, pois era preciso, para que ocorressem as disputas hegemônicas. O conceito hegemônico vem no período pós-guerra onde ocorreu a hegemonia britânica. A pax americana acontece por conta da queda do imperialismo britânico que promove uma nova ordem mundial.

     Cabe mostrar as dimensões teóricas colocadas em pauta por Robert ainda mais por mostrar que basicamente as teorias possuem um caráter normativo.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Teoria Crítica de Cox

         A Teoria Crítica surge após o colapso da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em uma época em que os paradigmas das Relações Internacionais estão em reconstrução. Foi criada em 1924 na Escola de Frankfurt com orientação marxista e com críticas ao capitalismo e ao Estado centralizado e burocratizado da União Soviética pós-revolucionária (em especial após a ascensão de Stalin). A Escola de Frankfurt consistia em um grupo de intelectuais que na primeira metade do século passado produzia um pensamento conhecido como Teoria Crítica. Dentre eles temos Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Jurben Habermas e Walter Benjamim. Eles vão fazer vários questionamentos como a possibilidade da revolução ser comandada pelas classes trabalhadoras (visão pessimista quanto a isso, principalmente porque a superestrutura acaba alienando de tal forma que perde sua emancipação), ascensão dos fascismos no entre guerras e a indústria cultural.
      A teoria crítica das relações internacionais surge como oposição ao debate neo-realista/neo-liberal. Sua contribuição gira em torno de uma crítica feroz a concepção realista das RI como sendo uma política de poder, além disso, questiona a pretensão científica e o positivismo empregado nas teorias de RI. Para os teóricos críticos, as teorias tradicionais apresentavam limitações na compreensão e análise das mudanças presentes na política mundial. Outro aspecto importante é que a teoria crítica procura incorporar elementos do marxismo como pontos de partida a suas explicações.
         Em seu artigo Social Forces, States and World Orders: Beyond International Relations Theory, Robert Cox propõe que "toda teoria é para algo e para alguém”, além de que, todas as teorias possuem uma perspectiva que é dada através de uma posição social e política em determinado tempo e espaço, neste sentido, todos os velhos conceitos de uma teoria devem ser ajustados, rejeitados ou substituídos por novos conceitos. Não há teoria sem caráter normativo, ao fazer suposições e eleger conceitos a teoria limita o escopo de análise, ou seja, ela vê somente por uma lente, o que impossibilita que ela seja neutra. Cox faz uma crítica contundente às teorias positivas, em especial ao realismo, o qual delimita que os Estados buscam poder e segurança em um sistema de Estado moldado pelos atores majoritários. Ao afirmar essas premissas os realistas induzem o comportamento do Estado e tornam-se teóricos normativos. Ao mesmo tempo, a teoria crítica também é normativa ao promover a emancipação humana.
       Na dimensão explicativa de Cox pode ser relatada ao tratar as estruturas históricas como um quadro de análises. O autor propõe que essa análise resulta em uma imagem particular da configuração das forças em um determinado período, a qual pode ser expressa por três categorias de forças, as quais agem reciprocamente: ideias (significados intersubjetivos, imagens coletivas); instituições; e capacidade material (capacidades tecnológicas e organizacionais, por exemplo, recursos naturais que podem ser transformados em tecnologia). A relação entre estas três forças são determinantes para a ascensão de uma ordem alternativa. Esse estudo leva Cox a definir que a hegemonia não é reduzida somente a dimensão institucional, outros fatores legitimam a permanência de determinada pax.
        Voltando ao caráter normativo, Cox expõe que o neo-realismo induz os atores a adotarem e entenderem o sistema de estados através da racionalidade neo-realista (poder/segurança) como guia de ação.
    Para Cox, as ideias possuem dois significados: consistem nos significados intersubjetivos ou noções compartilhadas da natureza da relação humana e que tende a perpetuar hábitos e expectativas de comportamento (diplomacia); e as ideias são as imagens coletivas asseguradas por diferentes grupos de pessoas (justiça).

          A teoria crítica de relações internacionais representou um consistente contraponto ao positivismo das teorias dominantes nesse período, e possibilitou que abordagens teóricas diferentes pudessem ter suas aspirações, ao menos, colocadas em debate. Cabe ressaltar as dimensões teóricas colocadas em debate por Cox, especialmente ao expor que toda teoria possui um caráter normativo, tirando o rótulo de neutralidade das teorias positivas.



Bárbara Menezes de Almeida

domingo, 16 de outubro de 2016

resumo sobre o texto " social forces, and world ordens: beyond internacional relations theory " de

Neste texto Cox apresenta como ao longo do desenvolvimento da disciplina das Relações Internacionais vem se enfrentando as distintas percepções sobre o Estado e a sociedade civil. O texto mantém um aspecto critico, inicialmente inspirado no marxismo, mais adiante nos conceitos de hegemonía e contra hegemonia e, logo, a través das teorias do sistema mundo, serve para retomar a relevância do poder material na analise dos procesos de criação das novas ordens mundias.
Cox propõe à diferenciação ideologica, teórica e pratica entre a Pax británica e a Pax americana como procesos históricos específicos, ciradores de distintas estruturas socias, políticas e econômicas. Além,  enfatiza as diversas práticas de internacionalização da produção através de seus diversos canais como, agências estatais, interestatais, corporações multinacionais, e instituições internacionais, entre outros mais, para assim gerar as estruturas bases que vão gerar e compor as forças de poder a finais do século XX.

Miguel e Boris

Robert Cox e a Teoria Crítica

A Teoria Crítica surgiu após o declínio da URSS com intuito de ampliar a visão de estudo das Relações Internacionais que antes era limitada à questão da segurança. Essa teoria serviu como alternativa às teorias positivistas, ou seja, ela discorda de bases positivistas, não acredita que a estrutura social e política são dadas, mas que os homens criam, traçam e constituem o mundo em que vivem, seja ele em âmbito nacional ou internacional. Ela não busca somente explicar os acontecimentos, como as teorias tradicionais fazem, mas preocupa-se em relação à possibilidade de mudança e transformação da ordem, em mudar a realidade.
Um dos teóricos mais importantes dessa teoria pós-positivista é Robert Cox (1981-1996), esse faz uma crítica ao realismo adquirindo pensamentos de esquerda, marxistas. Podemos perceber isso no conceito do materialismo histórico utilizado para superar o realismo e suas contradições. Permite incluir a sociedade civil como um ator relevante, pois Cox acredita que não se deve focar somente nas relações hierárquicas entre Estados, mas deve-se incluir a sociedade como ator determinante. Os teóricos críticos buscam,portanto, acabar com a opressão de estruturas políticas e econômicas mundiais sobre as minorias, buscam acabar com a desigualdade e a dominação dos ricos sobre os pobres.
Ele acredita que existem três tipos de forças: capacidades materiais que correspondem a recursos naturais, tecnologia e armamentos; idéias que são subdivididas em intersubjetivas que ajudam a legitimar o mundo como ele é e em coletivas, ou seja, visões de diversos grupos sociais; e instituições que servem para estabilizar uma ordem dominante.
Essas três possuem três níveis de atuação: as forças sociais que influenciam o modo e processo de produção; as formas de estados, derivadas do complexo sociedade/estado; e as ordens mundiais que definem as configurações de força em nível internacional. Portanto, para Cox, a compreensão do mundo como ele é só pode ser realizada através do estudo desses três tipos de forças e através desses três níveis de análise.
O conceito de hegemonia explicado por Cox, baseado em escritos de Antonio Gramsci, pode ser exemplificado pela hegemonia histórica da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. No início do século XX o imperialismo britânico decaiu e perdeu sua posição hegemônica, substituída futuramente, após a Segunda Guerra Mundial, pelos Estados Unidos. Esses últimos, finalmente, abandonaram o isolacionismo norte-americano, tomaram proveito da situação de enfraquecimento e vulnerabilidade européia e japonesa e utilizaram esse período para criar uma economia mundial liberal reformada, assumindo a responsabilidade hegemônica.
Essa hegemonia baseou-se no livre comercio, texto ideológico de aumento da produtividade, formação de instituições e organizações internacionais (Banco Mundial, FMI, GATT, ONU), sistema Bretton Woods, exportação da cultura e ideais americanos para a periferia, propagandas (Ware Fare State, Plano Marshall, The Good Neighbor Policy) e envolvimento americano em questões internas de países latino-americanos.
                  

                                                                                                  Kelly Pasetto

Ponte do Capitalismo

Por Alinne, Letícia e Vitor.

O texto a seguir é uma resenha crítica ao filme Brigde of Spies que utiliza como base teórica fundamentadora a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt.

Nota: Este texto pode conter spoilers.


Brigde os Spies (em português, Ponte dos Espiões) é o último filme dirigido e produzido por Steven Spielberg, e protagonizado por Tom Hanks, que trata sobre alguns acontecimentos durante a Guerra Fria, em uma visão americana, vividos pelo personagem principal e é baseado no livro com o mesmo nome de Giles Whittell. 
O filme inicia quando Rudolf Abel, um espião soviético, é descoberto e preso, e James B. Donovan (nosso querido personagem principal), um advogado que trabalha na área de seguros, é convocado para defendê-lo. Aqui vai um destaque para o personagem principal que mostrou sua grande coragem ao aceitar um trabalho que muitos, se não todos, patriotas diriam não por diversos motivos. O país se encontrava na regularização do capitalismo onde a população já era incentivada a acreditar e defender a ordem mundial que os Estados Unidos pregavam, ou seja, um espião soviético era um cruel inimigo e o mínimo que deveria acontecer no tribunal era o culpado sair com a corda no pescoço, independente do que estivesse previsto em sua Constituição.


Ao momento que o advogado de seguros aceita tal trabalho, ele se coloca completamente contra seu próprio país e provoca uma série de revoltas tanto nas autoridades como em civis que acreditam que tal atitude provoca a paz americana. Isso retrata um homem que em primeiro momento parece não saber o que está. Ao contrário do que é pensado pelos civis, James B. Donovan inicia aí sua postura diplomática, visionária e até considerada utópica. Ao analisar o cenário, ele logo vê que matar aquele homem é jogar uma moeda de troca fora, o que não se deveria acontecer. E ao entrar mais afundo no caso, James consegue ter um aprofundamento das reais condições que a tal guerra proporciona.
Após o julgamento e condenação, há uma total revolta. James passa a sentir em sua pele a força social atuando na população, que para sua sorte não duraria muito tempo, visto que ocorreria a seguir exatamente o que sua previsão afirmava: a prisão de um soldado americano no lado soviético e o início de negociações entre os dois lados por uma troca simultânea dos prisioneiros. É interessante ver que o filme mostra seu lado tendencioso a partir dessa parte. A retratação de como eram mantidos os prisioneiros de guerra por ambos os lados parece falho e faz os Estados Unidos parecer um completo anjo na forma de tratar o inimigo. Boas estruturas, delicadeza ao negociar informações e muita paciência no tratamento de seu preso, diferente das torturas e da forma ríspida (sendo generosa) soviética de tentar arrancar dados sobre a capacidade material americana. Aliás, soviéticos parecem ser tratados como ignorantes quando se trata de avanços bélicos, visto que todos os dias torturam seu preso para saber como funcionava e era produzido o avião que ele pilotava.


Além de ignorantes, bárbaros e ditadores (como é representado na imagem do julgamento) é possível ver nas cenas do Muro de Berlim como seu lado é muito mais “negro” que o americano, o que parece ser notável na cena em que homens são baleados ao tentar atravessar o murro que é fortemente protegido. Apesar de todos os contras, James prossegue firme na sua aplicação da “solução de problemas” e utiliza das forças determinantes, defendidas por Cox, estadunidenses para conseguir resolver tal negociação.

Por consequência, o filme mostra que a indústria do entretenimento americano nunca superou a Guerra Fria. A propaganda de sua cultura continua e segue na propagação que utiliza das forças em seus três níveis de atuação. Um filme de Spielberg, que gera expectativas por nome e filmografia, ficou só no nome e na propaganda ideológica do que os Estados Unidos até hoje pregam.  


sábado, 15 de outubro de 2016

Teoria Crítica: Robert W. Cox e a pax americana

A teoria crítica das RIs surgiu num período em que se havia uma necessidade de buscar perspectivas que ampliassem os temas de análise, ultrapassando os conceitos de segurança e da política externa.
Essa teoria realiza uma crítica ao realismo (que associa ao objeto de análise um caráter imutável) e utiliza conceitos marxistas, como o da alienação e da ideologia, para explicar os desafios da atual sociedade.
Os estudos dos filósofos da Escola de Frankfurt (surgida em 1924 na Universidade de Frankfurt) passaram a ser conhecidos como Teoria Crítica.
Um desses teóricos é Robert W. Cox, que adaptou o conceito de escola crítica da Escola de Frankfurt e que passou a definir teoria como uma convenção social (usada para explicar os fatos de tempo e espaço), não mais como um modelo absoluto, aplicável universalmente. Para ele existem 2 tipos de teoria: teoria de solução de problemas (se pretendem neutras e universais) e as teorias críticas (caráter parcial, foco mais normativo).
Cox acredita que existam 3 tipos de força que podem ser usadas para perpetuar determinada ordem por um período de tempo, podendo ser alteradas: capacidades materiais (capacidades produtivas, de destruição, a tecnologia, etc); ideias (cultura, regras sociais, ideologias); instituições (influenciam diretamente a ação dos atores). Para ele, é preciso aplicar esses três tipos de força das estruturas históricas a três níveis de atividade que caracterizam as relações internacionais e onde ocorrerão as disputas pela hegemonia. Os três níveis são: as forças sociais (relacionada ao modo de produção); formas estatais (define o complexo Estado/sociedade civil); ordens mundiais (configurações de força).
É possível aplicar esse conceito de hegemonia no período pós-guerra, no qual ocorreu o declínio da hegemonia britânica através, principalmente, dos processos de libertação nacional. A queda do imperialismo britânico promove a ascensão de uma nova ordem mundial: a pax americana.
A pax americana se propaga por meio do consenso em torno do projeto de potência norte-americano, que conseguiu adeptos nos países que não se associaram à URSS. A influência americana e sua internacionalização se asseguraram através de uma série de aparatos, dentre eles: a criação de mecanismos financeiros de dominação (como o FMI, Banco Mundial); surgimento da ONU e de outras organizações internacionais; a bem-sucedida missão de exportação da cultura americana (filmes, literatura, moda, etc), entre outros.
Além disso, no contexto da Guerra Fria, os EUA prosseguiram na sua função de propagar o ideal capitalista e da democracia liberal a outros lugares do mundo. Este compromisso gerou uma série de intervenções americanas nos países da América Latina, principalmente entre os anos 1960 e 1980, marcadas pelo apoio e financiamento a golpes de Estado e ditaduras, como a de Pinochet, no Chile.
Assim, é possível perceber que a dinâmica das categorias de força consegue se propagar fora dos limites territoriais de um Estado, sendo capaz de redefinir a hegemonia e as características estruturais das ordens mundiais.
Marina Reis de Oliveira

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A hegemonia da URSS durante a Guerra Fria


Durante a Guerra Fria o mundo era dividido entre duas potências: de um lado, tínhamos os Estados Unidos e o capitalismo; do outro, a União Soviética e o socialismo. Principalmente no Leste Europeu, a hegemonia era da URSS.
Para Gramsci, hegemonia é a capacidade que um grupo social tem de unificar em torno de seus interesses políticos outros grupos sociais, mantendo assim seu status quo. Essa dominação se dá não só através de elementos coercitivos, mas de elementos subjetivos e culturais.
Uma das formas mais poderosas de se agregar um povo em torno de um objetivo é criar um inimigo comum, e a URSS (assim como os EUA) se valeu bastante de propaganda para atingir esse objetivo.  Além disso, a propaganda também era usada para disseminar ideais socialistas para a população, não só de como o socialismo era superior ao capitalismo cruel e perigoso, mas também incentivando o povo a trabalhar e defender o regime.

1984, ‘Mito e realidade’

1962 ‘Vigilância – nossa arma!’

Na indústria cultural, a linha entre entretenimento e propaganda era praticamente inexistente.
No cinema, bastante frequentado pela população, os filmes produzidos na URSS eram principalmente dos gêneros comédia e ação (gêneros como terror e distopias só passaram a ser produzidos depois da Perestroica) sem deixar de ter um viés ideológico alinhado com o materialismo dialético marxista. Porém, como sua produção cinematográfica não foi muito ampla, vários filmes de países aliados, como Índia, Coréia e Romênia, eram exibidos nas salas de cinema após passarem por um filtro governamental que definia se eram ideologicamente apropriados.
No rádio, a principal estação era a Rádio Central de Moscou, fundada em 1922, que transmitia internacionalmente propagandas ideológicas socialistas brancas (aquelas que tem sua fonte corretamente identificada).
Na literatura, a regra também era propagar os ideais governamentais. A censura aumentou nos anos 70 e aqueles autores que se opuseram ao regime foram proibidos de publicar seus livros; alguns tiveram até de fugir do país. Nem os livros infantis eram livres de propaganda: um dos autores mais famosos da época, Arkady Gaidar, escreveu o livro ‘Timur and His Squad’, que tinha como protagonista Timur, um membro do grupo Jovens Pioneiros que arrumou um jeito para crianças ajudarem o exército.
A Teoria Crítica leva em conta o contexto histórico ao fazer sua análise e, apesar de quase sempre nos focarmos na visão daquele que venceu a disputa analisada – no caso os Estados Unidos e o capitalismo –, é importante ver que a mesma dominação ideológica exercida por eles em sua área de influência foi exercida por seu oposto.

 Ana Conte