segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A perspectiva crítica de Robert Cox - Julia Guimarães

Robert Cox, percursor no resgate do neomarxismo para a construção da base teórica crítica, conjuntamente com uma forte influência de Antonio Gramsci, pode tecer uma série de críticas ao realismo e contribuir amplamente para a teoria crítica. Cox parte da concepção de que toda teoria se encontra em um âmbito relativo de tempo e lugar, o que de certa forma exprime um caráter particular de seu tempo e espaço, não possuindo uma referência universal, já que não representariam um tipo de modelo absoluto. Vale frisar que o carácter relativo/particular da feição das teorias sempre seriam influenciadas pelo atual contexto da realidade particular de seu tempo, impossibilitando uma "aplicação universal" das mesmas. Sendo assim, Cox destaca em suas publicações dois tipos de teorias, as teorias de soluções de problemas (realismo ou o atual neorrealismo) e a teoria crítica. A teoria de soluções de problemas, por possuírem fundamentos na base de que o homem nasce egoísta e que a partir daí advém o modo em que buscam seus objetivos, maximizar seu poder a fim de garantir sua segurança, e que caracteriza a essência do sistema internacional como uma anarquia conflituosa, com efeito, a torna imune à críticas, se tornando de certa forma imutável ou invariável. É a partir deste ponto em que Cox definitivamente começa suas críticas, já que em sua visão, seria de fato necessário refletir sobre uma realidade em que sempre se encontraria em constante mudança. A natureza particular da teoria de soluções de problemas, por tomar como nível de análise o mundo como é com suas relações de poder, instituições, atores e etc, propõe um método de se solucionar os problemas sem o questionamento de que se estão de certa forma, correlacionados às características "intrínsecas da sociedade". Devido a estes aspectos, adquire na visão de Cox, uma personalidade conservadora, já que rejeitam a viabilidade de uma possível variação de uma ordem como caminho para a correção da desigualdade ou até mesmo de ameaças de guerras. A teoria crítica em uma outra perspectiva, legitima a necessidade de se refletir sobre uma realidade em constante mudança, negando a precisão de uma realidade social imutável. Expondo também, que a concepção da teoria tradicional, a qual fomenta suas bases na natureza do homem e que em meio a isso os sistemas e Estados são "governados" por essa natureza egoísta, deva ser deixada de lado, pois na visão de Cox, a realidade social resulta da ação humana em constante mudança.

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