domingo, 30 de outubro de 2016

A Teoria do Sistema-Mundo

A teoria do sistema-mundo analisa a formação e a expansão do capitalismo por todo o globo e como isso dita não apenas a economia, mas também as relações sociais, políticas e culturais das sociedades. 
Essa teoria divide o mundo em 3 níveis de análise, a saber: centro, semiperiferia e periferia. 
Os países do centro têm produção de alto valor agregado tecnológico, são produtores e exportadores de tecnologia e contam com mão de obra especializada. Os países semiperiféricos têm uma industrialização de baixo valor tecnológico agregado, não produzem tecnologia mas a absorvem e contam com mão de obra semiespecializada e não especializada. Por fim, os países periféricos produzem apenas produtos primários e têm mão de obra não-especializada. 
Assim, ocorre uma divisão internacional do trabalho, na qual cada país fica "responsável" por um tipo de produto no comércio internacional. Os países do centro tendem a explorar os países periféricos, enquanto os países semiperiférios ora são periferia para o centro, ora são centro para a periferia.
Essa prática não é recente: na época das Grandes Navegações, as metrópoles já exploravam suas colônias, deixando consequências que são sentidas até hoje (não coincidentemente, as antigas metrópoles são os atuais centros).
Alguns analistas afirmam que, a partir dessa primeira divisão internacional do trabalho, foram criadas instituições a fim de manter essa exploração, estruturando o sistema como ele é hoje. O Banco Mundial, o FMI e a OMC ditam os rumos do comércio internacional e da economia mundial, fornecendo empréstimos aos países mais pobres, obrigando-os a "obedecerem" suas regras (que visam a manter o status quo), como abertura ao capital estrangeiro, diminuição de barreiras, etc.
Isso faz com que esses países adquiram ainda mais dívidas, pois ficam condicionados a serem sempre exportadores de produtos baratos e compradores do produtos caros, perpetuando esse sistema. 
Com a globalização e a crescente importância do sistema financeiro, visando sempre ao maior lucro possível, as grandes empresas se espalham pelo mundo. Como os países periféricos têm mão-de-obra e recursos naturais abundantes, mas não capital, essas grandes empresas mantêm suas sedes nos países centrais, mas "terceirizam" a produção para os países periféricos, onde podem ter um custo menor de produção, já que, caso sejam reivindicados melhores salários dos trabalhadores, por exemplo, eles retiram o capital e simplesmente mudam seu local de produção para países ainda mais pobres.  
Isso acarreta mudanças sociais e culturais nesses locais, onde seus trabalhadores se veem "puxados" para esse modo de produção. 

Lizandra Ferreira

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