domingo, 16 de outubro de 2016

Ponte do Capitalismo

Por Alinne, Letícia e Vitor.

O texto a seguir é uma resenha crítica ao filme Brigde of Spies que utiliza como base teórica fundamentadora a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt.

Nota: Este texto pode conter spoilers.


Brigde os Spies (em português, Ponte dos Espiões) é o último filme dirigido e produzido por Steven Spielberg, e protagonizado por Tom Hanks, que trata sobre alguns acontecimentos durante a Guerra Fria, em uma visão americana, vividos pelo personagem principal e é baseado no livro com o mesmo nome de Giles Whittell. 
O filme inicia quando Rudolf Abel, um espião soviético, é descoberto e preso, e James B. Donovan (nosso querido personagem principal), um advogado que trabalha na área de seguros, é convocado para defendê-lo. Aqui vai um destaque para o personagem principal que mostrou sua grande coragem ao aceitar um trabalho que muitos, se não todos, patriotas diriam não por diversos motivos. O país se encontrava na regularização do capitalismo onde a população já era incentivada a acreditar e defender a ordem mundial que os Estados Unidos pregavam, ou seja, um espião soviético era um cruel inimigo e o mínimo que deveria acontecer no tribunal era o culpado sair com a corda no pescoço, independente do que estivesse previsto em sua Constituição.


Ao momento que o advogado de seguros aceita tal trabalho, ele se coloca completamente contra seu próprio país e provoca uma série de revoltas tanto nas autoridades como em civis que acreditam que tal atitude provoca a paz americana. Isso retrata um homem que em primeiro momento parece não saber o que está. Ao contrário do que é pensado pelos civis, James B. Donovan inicia aí sua postura diplomática, visionária e até considerada utópica. Ao analisar o cenário, ele logo vê que matar aquele homem é jogar uma moeda de troca fora, o que não se deveria acontecer. E ao entrar mais afundo no caso, James consegue ter um aprofundamento das reais condições que a tal guerra proporciona.
Após o julgamento e condenação, há uma total revolta. James passa a sentir em sua pele a força social atuando na população, que para sua sorte não duraria muito tempo, visto que ocorreria a seguir exatamente o que sua previsão afirmava: a prisão de um soldado americano no lado soviético e o início de negociações entre os dois lados por uma troca simultânea dos prisioneiros. É interessante ver que o filme mostra seu lado tendencioso a partir dessa parte. A retratação de como eram mantidos os prisioneiros de guerra por ambos os lados parece falho e faz os Estados Unidos parecer um completo anjo na forma de tratar o inimigo. Boas estruturas, delicadeza ao negociar informações e muita paciência no tratamento de seu preso, diferente das torturas e da forma ríspida (sendo generosa) soviética de tentar arrancar dados sobre a capacidade material americana. Aliás, soviéticos parecem ser tratados como ignorantes quando se trata de avanços bélicos, visto que todos os dias torturam seu preso para saber como funcionava e era produzido o avião que ele pilotava.


Além de ignorantes, bárbaros e ditadores (como é representado na imagem do julgamento) é possível ver nas cenas do Muro de Berlim como seu lado é muito mais “negro” que o americano, o que parece ser notável na cena em que homens são baleados ao tentar atravessar o murro que é fortemente protegido. Apesar de todos os contras, James prossegue firme na sua aplicação da “solução de problemas” e utiliza das forças determinantes, defendidas por Cox, estadunidenses para conseguir resolver tal negociação.

Por consequência, o filme mostra que a indústria do entretenimento americano nunca superou a Guerra Fria. A propaganda de sua cultura continua e segue na propagação que utiliza das forças em seus três níveis de atuação. Um filme de Spielberg, que gera expectativas por nome e filmografia, ficou só no nome e na propaganda ideológica do que os Estados Unidos até hoje pregam.  


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