Durante a Guerra Fria o mundo era
dividido entre duas potências: de um lado, tínhamos os Estados Unidos e o
capitalismo; do outro, a União Soviética e o socialismo. Principalmente no
Leste Europeu, a hegemonia era da URSS.
Para Gramsci, hegemonia é a
capacidade que um grupo social tem de unificar em torno de seus interesses
políticos outros grupos sociais, mantendo assim seu status quo. Essa dominação se dá não só através de elementos coercitivos,
mas de elementos subjetivos e culturais.
Uma das formas mais poderosas de
se agregar um povo em torno de um objetivo é criar um inimigo comum, e a URSS
(assim como os EUA) se valeu bastante de propaganda para atingir esse objetivo.
Além disso, a propaganda também era
usada para disseminar ideais socialistas para a população, não só de como o
socialismo era superior ao capitalismo cruel e perigoso, mas também
incentivando o povo a trabalhar e defender o regime.
1962 ‘Vigilância –
nossa arma!’
Na indústria cultural, a linha
entre entretenimento e propaganda era praticamente inexistente.
No cinema, bastante frequentado
pela população, os filmes produzidos na URSS eram principalmente dos gêneros
comédia e ação (gêneros como terror e distopias só passaram a ser produzidos depois
da Perestroica) sem deixar de ter um viés ideológico alinhado com o
materialismo dialético marxista. Porém, como sua produção cinematográfica não
foi muito ampla, vários filmes de países aliados, como Índia, Coréia e Romênia,
eram exibidos nas salas de cinema após passarem por um filtro governamental que
definia se eram ideologicamente apropriados.
No rádio, a principal estação era
a Rádio Central de Moscou, fundada em 1922, que transmitia internacionalmente
propagandas ideológicas socialistas brancas (aquelas que tem sua fonte
corretamente identificada).
Na literatura, a regra também era
propagar os ideais governamentais. A censura aumentou nos anos 70 e aqueles autores
que se opuseram ao regime foram proibidos de publicar seus livros; alguns
tiveram até de fugir do país. Nem os livros infantis eram livres de propaganda:
um dos autores mais famosos da época, Arkady Gaidar, escreveu o livro ‘Timur
and His Squad’, que tinha como protagonista Timur, um membro do grupo Jovens
Pioneiros que arrumou um jeito para crianças ajudarem o exército.
A Teoria Crítica leva em conta o
contexto histórico ao fazer sua análise e, apesar de quase sempre nos focarmos na
visão daquele que venceu a disputa analisada – no caso os Estados Unidos e o
capitalismo –, é importante ver que a mesma dominação ideológica exercida por
eles em sua área de influência foi exercida por seu oposto.
Ana
Conte
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