sábado, 15 de outubro de 2016

Teoria Crítica: Robert W. Cox e a pax americana

A teoria crítica das RIs surgiu num período em que se havia uma necessidade de buscar perspectivas que ampliassem os temas de análise, ultrapassando os conceitos de segurança e da política externa.
Essa teoria realiza uma crítica ao realismo (que associa ao objeto de análise um caráter imutável) e utiliza conceitos marxistas, como o da alienação e da ideologia, para explicar os desafios da atual sociedade.
Os estudos dos filósofos da Escola de Frankfurt (surgida em 1924 na Universidade de Frankfurt) passaram a ser conhecidos como Teoria Crítica.
Um desses teóricos é Robert W. Cox, que adaptou o conceito de escola crítica da Escola de Frankfurt e que passou a definir teoria como uma convenção social (usada para explicar os fatos de tempo e espaço), não mais como um modelo absoluto, aplicável universalmente. Para ele existem 2 tipos de teoria: teoria de solução de problemas (se pretendem neutras e universais) e as teorias críticas (caráter parcial, foco mais normativo).
Cox acredita que existam 3 tipos de força que podem ser usadas para perpetuar determinada ordem por um período de tempo, podendo ser alteradas: capacidades materiais (capacidades produtivas, de destruição, a tecnologia, etc); ideias (cultura, regras sociais, ideologias); instituições (influenciam diretamente a ação dos atores). Para ele, é preciso aplicar esses três tipos de força das estruturas históricas a três níveis de atividade que caracterizam as relações internacionais e onde ocorrerão as disputas pela hegemonia. Os três níveis são: as forças sociais (relacionada ao modo de produção); formas estatais (define o complexo Estado/sociedade civil); ordens mundiais (configurações de força).
É possível aplicar esse conceito de hegemonia no período pós-guerra, no qual ocorreu o declínio da hegemonia britânica através, principalmente, dos processos de libertação nacional. A queda do imperialismo britânico promove a ascensão de uma nova ordem mundial: a pax americana.
A pax americana se propaga por meio do consenso em torno do projeto de potência norte-americano, que conseguiu adeptos nos países que não se associaram à URSS. A influência americana e sua internacionalização se asseguraram através de uma série de aparatos, dentre eles: a criação de mecanismos financeiros de dominação (como o FMI, Banco Mundial); surgimento da ONU e de outras organizações internacionais; a bem-sucedida missão de exportação da cultura americana (filmes, literatura, moda, etc), entre outros.
Além disso, no contexto da Guerra Fria, os EUA prosseguiram na sua função de propagar o ideal capitalista e da democracia liberal a outros lugares do mundo. Este compromisso gerou uma série de intervenções americanas nos países da América Latina, principalmente entre os anos 1960 e 1980, marcadas pelo apoio e financiamento a golpes de Estado e ditaduras, como a de Pinochet, no Chile.
Assim, é possível perceber que a dinâmica das categorias de força consegue se propagar fora dos limites territoriais de um Estado, sendo capaz de redefinir a hegemonia e as características estruturais das ordens mundiais.
Marina Reis de Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário