A teoria marxista é uma das mais conhecidas teorias econômicas ao redor do mundo e que tem muitos adeptos, chegando a se tornar uma corrente ideológica. Nos últimos anos no Brasil ganhou ainda mais força, ao mesmo tempo em que também ganhou muitos críticos.
Ludwig von Mises é um dos principais críticos do marxismo, muito pouco estudado no Brasil. Economista austríaco, refutou as bases da teoria marxista, como a questão da luta de classes. De acordo com Marx, cada sistema social é caracterizado por diferentes conflitos de classe. No caso do capitalismo, seria a luta entre burguesia x proletariado. Porém, como o próprio Marx diz, cada classe elabora teorias para sua própria defesa, de forma ideológica. Sendo assim, a teoria marxista, que tinha como objetivo explicar para a classe operária o quanto eles eram oprimidos, já não nasce de forma ideológica? Sua busca pela verdade já não nasce comprometida? Ainda de acordo com Mises, a razão é a principal ferramenta de qualquer pessoa contra o erro, sendo razão um procedimento lógico de validade universal. A partir do momento que a “razão” se subordina a alguma outra coisa, como o interesse de uma classe, ela já está comprometida.
Além da questão da luta de classes, outro pilar da teoria marxista está nas forças de produção. Segundo Marx, as forças de produção de uma sociedade tendem a buscar o desenvolvimento, exigindo mudanças nas relações de produção (ou seja, no sistema econômico e social que existe em determinada sociedade), o que fez com que o feudalismo deixasse de ser o mais eficiente e passasse para o capitalismo, até o momento em que o capitalismo deixará de existir em favor do socialismo. Entretanto, como explica Mises, esses são conceitos abstratos.
Quem tem o poder de agir são os seres humanos, sendo assim, são os seres humanos que criam por seus próprios atos as forças de produção, ao invés de serem as forças de produção que determinam esses atos. Logo, a transição de um sistema econômico para outro não é inevitável, ela depende da ação humana.
Para Marx, o socialismo seria o ideal, que mais uma vez Mises provou ser impossível de acontecer: dada uma lista de bens a serem produzidos — sejam aqueles desejados pelos membros da sociedade (os consumidores) ou aqueles planejados por um ditador — qualquer economia desenvolvida precisa ter uma maneira de decidir como empregar seus recursos da melhor maneira possível para produzir os bens desejados. No capitalismo, os recursos que existem são propriedades dos indivíduos, que irão comercializá-los no mercado, precificando os bens de produção de acordo com a eficiência com que estes podem ser utilizados para atender os desejos dos consumidores. Já no socialismo, que por definição é uma economia centralizada, sendo seus principais meios de produção “públicos”, não tem como decidir qual é a maneira mais eficiente de se utilizar os recursos necessários para a produção de um determinado bem, por não haver um livre sistema de preços. Logo, é impossível haver uma economia planejada.
Uma outra questão criticada por diversos economistas é em relação à exploração pelo chamado burguês do operário. De forma sucinta, um operário trabalharia 12 horas para receber o equivalente a 6 horas e o restante seria o lucro do patrão. Uma tese que vem ganhando força é a seguinte: ao contrário do que diz a teoria marxista, os produtores principais dos produtos manufaturados não são os operários, e sim os patrões. Os empregados podem ser descritos como "os auxiliares" na produção dos produtos do patrão. Os lucros do capitalista não representam uma dedução daquele valor que, segundo Marx, pertence por direito aos trabalhadores na forma de salários. Os lucros representam aquilo que o capitalista ganhou em decorrência principalmente de seu trabalho intelectual, de seu planejamento e de suas decisões. O capitalista produz um produto próprio, embora utilize a ajuda de terceiros cuja mão-de-obra ele emprega com o propósito de implementar seus planos e consequentemente produzir seus produtos.
Para Marx, se os capitalistas exploradores deixassem de existir e consequentemente a circulação capitalista desaparecesse, as pessoas, sem ter com o que gastar seu dinheiro produziriam materiais, que venderiam em troca de dinheiro para comprar mais materiais, e assim por diante, e assim tudo seria o salário justo, não havendo lucro.
Porém, o que muitos economistas analisam é que na verdade nessa equação não haveria os custos de produção (incluindo o salário), sendo tudo lucro: “Seria um mundo em que os gastos com materiais — utilizando-se dinheiro obtido com a venda de outros materiais — constituiriam receitas para os vendedores destes materiais. E estes vendedores, dado que eles não tiveram nenhum gasto anterior para obter os materiais que estão vendendo, não teriam de computar nenhum custo de produção em termos monetários. Eles teriam apenas receitas de venda. Seria, portanto, um mundo em que o trabalho é a única fonte de renda. Mas um mundo no qual toda a receita auferida pelos indivíduos é um lucro, e não um salário. Seria um mundo de trabalhadores produzindo produtos primitivos e escassos, pelos quais eles receberiam receitas de venda das quais eles não teriam custos para deduzir. Sendo assim, estas receitas representariam o lucro total.”- George Reisman.
Logo, quanto mais capitalista for um sistema econômico, maiores serão os salários e menores os lucros em relação às receitas. Simultaneamente, quanto maior for a produção dos bens, maior a sua oferta, o que diminui seus preços (oferta x demanda), aumentando os salários reais.
Ainda nas palavras de George Reisman (economista) “Os capitalistas não deduzem seus lucros dos salários dos trabalhadores; os capitalistas são os responsáveis pelo surgimento dos salários. Por ser um custo de produção, os salários são deduzidos das receitas, as quais, na ausência de capitalistas, representariam o lucro total. Logo, pode-se dizer que os capitalistas são os responsáveis pelo aumento dos salários em relação aos lucros e pela redução dos lucros em relação aos salários. Ao mesmo tempo, por meio do aumento na produção e na oferta de produtos, o que leva à redução de seus preços, os capitalistas aumentam o poder de compra dos salários que eles pagam.”
Isso pode ser comprovado com a atual situação de Cuba, que enfrenta diversos problemas de escassez de produtos, proibida de praticar o livre-comércio (embargo econômico americano), justamente como punição à sua ditadura.
Assim, a teoria marxista, apesar de ainda ter muitos adeptos, cada vez mais é alvo de críticas que destroem toda sua base teórica e deixam claro seu aspecto utópico.
Lizandra Ferrreira
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